Fonte: Notícias Automotivas
Nos últimos anos, cada vez que apresenta a nova geração de algum modelo, a
Kia tratava de reposicionar os preços, para cima. Afinal, a marca passou a ser
mais valorizada no mercado brasileiro e nada mais previsível que tentar usufruir
desse novo status. Coisa parecida aconteceu com o Cerato.
O sedã ganhou tamanho, equipamentos e refinamento visual, mas o Grupo Gandini,
importador oficial da marca no Brasil, manteve o modelo na base do segmento de
médios. Desta vez, a marca coreana decidiu se conter um pouco. Em vez do aumento
habitual de 30% em relação à geração anterior, a marca se contentou com um valor
"apenas" 15% maior do que pedia no antigo Cerato. O preço pulou de cerca dos
anteriores R$ 61 mil para R$ 71.900, na versão topo automática. Na mecânica, o
preço fica em R$ 67.400.
O caso é que, como a Kia não investe em produção ou em desenvolvimento no
Brasil, ela se tornou alvo preferencial do super IPI - um imposto adicional de
30 pontos -, que se reflete diretamente no preço dos modelos. O resultado
prático foi que as vendas da marca caíram mais de 40% de 2011 para 2012, quando
o super IPI passou a vigorar.
A preocupação com o Cerato foi de segurar o preço e mantê-lo na briga com
versões de entrada de Toyota Corolla, Honda Civic, Volkswagen Jetta e Chevrolet
Cruze. Nesse sentido, o importador decidiu manter o modelo apenas com
motorização mais barata, com o propulsor 1.6 flex de 122/128 cv com gasolina e
etanol, gerenciado por um câmbio de seis marchas. O motor é o mesmo utilizado no
Kia Soul ou no Hyundai HB20.
Com isso, a função do Cerato passou a ser a de principal produto de vendas da
marca - no lugar do SUV médio Sportage, que perdeu preço e vendas com o
super-IPI. As vendas projetadas para o sedã são em torno de 10 mil unidades nos
9 meses restantes de 2013, o que corresponderia a 30% das vendas da Kia no
período. Além do preço, porém, o sedã médio tem outros argumentos para cumprir a
meta do representante brasileiro.
E o principal é estético. Assim como vem ocorrendo com toda a gama da marca
coreana - que tem, inclusive, o designer Peter Schreyer como presidente -, o
desenho é o grande elemento de valorização do modelo. O Cerato abandonou de vez
os traços geométricos, que caracterizavam a geração anterior, e adotou um estilo
mais orgânico, com uma carroceira coberta de vincos "musculosos".
De qualquer ângulo que se observe, não é possível encontrar qualquer traço que
identifique este Cerato de 3ª geração com o anterior. A grade, em referência a
um rosnado de tigre, mantém a identidade de marca. Só que agora ela é ladeada
por faróis de desenho bem irregular.
Na parte superior do conjunto ótico, uma linha de led faz as vezes de pálpebra e
dá um ar bem agressivo ao modelo. Na traseira, as grandes lanternas em forma de
olho são posicionadas bem no limite superior do porta-malas e emprestam bastante
robustez ao conjunto. A linha do perfil se assemelha a uma onda, sem qualquer
ângulo vivo.
Também no interior não sobrou qualquer resquício do antigo Cerato. Apesar de ter
crescido muito pouco por fora - 3 cm no comprimento e 2,5 na largura -, houve
uma grande redistribuição de áreas. Para o habitáculo sobrou um bom entre-eixos
de 2,70 m.
O sedã médio também ganhou uns poucos equipamentos como direção elétrica com
três modos de condução, ar digital dual zone e sensor de obstáculos dianteiro,
que se somaram aos já existentes acendimento automático de faróis, sensores de
obstáculos traseiros e os praticamente obrigatórios ABS e airbags frontais. Nada
que o deixe em vantagem em relação aos rivais diretos.