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Avaliação: BMW G 310 R

Já pilotamos a moto mais esperada de 2017.

Avaliação: BMW G 310 R - Já pilotamos a moto mais esperada de 2017.
- Hollywood, Los Angeles, Califórnia (EUA)
Com a chegada da nova G 310 R, uma nova era na história de 100 anos da BMW Motorrad está oficialmente em curso. Ela não só possui a distinção de ser a primeira moto de baixa cilindrada da marca desde algumas tentativas mal sucedidas na década de 1920, mas também por ser a primeira motocicleta BMW desenvolvida fora da Alemanha. A G 310 R é o primeiro de dois modelos confirmados baseados neste combo de motor-chassi, sendo o segundo a trail compacta G 310 GS. Mas, por agora, vamos dar uma olhada nesta doce máquina de pilotar.
A BMW levou meia década para aperfeiçoar esta moto e, depois de pilotá-la nas ruas de Los Angeles e nos canyons cheios de curvas que a cercam, eu acredito que valeu bem a espera. O fato de que a BMW resolveu construir uma motocicleta de entrada é uma surpresa para algumas pessoas. Afinal, está em contraste com a filosofia de alto desempenho que a empresa tem tomado nos últimos 10 anos com o lançamento das espetaculares S 1000 RR, K 1600 GT e da clássica nineT. Em vez disso, esta é uma motocicleta construída especificamente para iniciantes, gente em busca de um meio de transporte e pilotos que simplesmente gostam de andar, mas estão procurando algo um pouco mais refinado do que as mesmas motos de sempre.

A G 310 R é alimentada por um motor refrigerado a líquido de 313 cc, com injeção eletrônica e um layout de cilindro inverso que aponta a entrada para a frente e o escape para a parte traseira. Ela pesa 158 kg em ordem de marcha e tem o banco a 78,4 cm do solo, ou seja, é leve o suficiente e baixa o suficiente para não ser intimidante para novatos ou pilotos de menor estatura. O propulsor de um único cilindro pode não entusiasmar os mais experientes, mas não intimida quem está começando, e é mais enérgico do que a maioria de nós esperava.
Nosso passeio de teste começou em Hollywood durante o rush da manhã, e por isso fomos submetidos a um para-e-anda com o tráfego movendo-se a um ritmo lento na primeira hora. Durante esse tempo, achei a embreagem muito leve de acionar, embora a alavanca não seja ajustável e tenha um longo curso para minhas mãos de tamanho médio. A transmissão de seis velocidades revelou mudanças precisas, com um pouco de ruído quando as engrenagens e dentes se alinham, mas no geral é bastante suave. Às vezes houve um pequeno atraso entre a mudança real e momento que o indicador de marcha no painel reconhecia a mudança.
O motor é estranhamente quieto em marcha lenta, tanto que da primeira vez que dei a partida eu achei que ele não tinha ligado. Uma vez que você começa torcer o acelerador, o escape de aço inox emite um ronco respeitável conforme os giros sobem. O torque é suficiente e a primeira marcha é curta o bastante para não precisar "queimar" a embreagem nas saídas.

Depois do nosso caminho pelo trânsito pesado, finalmente surgiu a Freeway 101 e tivemos a primeira oportunidade de esticar as marchas da pequena BMW e ver o que ela poderia fazer. Segurei o acelerador cravado e passei a cambiar somente no limite de 10.500 rpm, enquanto o tráfego desapareceu em meus retrovisores. Estou brincando. Na verdade, não foi assim que aconteceu. Leva alguns momentos para que a G 310 R ganhe velocidade, mas foi muito mais rápida do que eu esperava.
São 34 cavalos de potência entregues a 9.500 rpm, o que significa você só vai quebrar os limites de velocidade na estrada se quiser. A pequena BMW funciona muito bem a 110 km/h, com o conta-giros a cerca de 7 mil rpm, que é também a faixa na qual o motor responde mais vigoroso. As vibrações do monocilíndrico são perceptíveis nessas velocidades, mas nada irritante. Globalmente, este motor funciona bem em rodovias, do mesmo modo que em vias urbanas.
Fizemos o trajeto pela estrada Mulholland para a mundialmente famosa Rock Store, onde paramos para um brunch rápido e uma xícara de café para aquecer os nossos ossos ligeiramente refrigerados. A proteção contra o vento é mínima, mas, novamente, eu não esperava nada diferente. E na verdade não me importava, porque eu estava me divertindo muito ao pilotar esta moto.
A partir desse ponto, estávamos oficialmente testando a dinâmica da G 310 R no passeio de 120 km por meio dos canyons entre Mulholland e Malibu. No momento em que estávamos a 20 minutos do Rock Store, já era óbvio para mim que a pequena Beemer poderia esculpir a estrada da melhor forma. A sua combinação de peso leve, rodas aro 17″ (nossa unidade de teste veio com pneus Michelin Pilot Street 110 / 70-17 na frente e 150/60-17 na traseira) e chassi bem equilibrado proporciona uma experiência de condução divertida. Levar a moto de lado a lado quase não requer esforço, e ela é ao mesmo tempo bem plantada ao solo em velocidades mais altas. Os garfos dianteiros invertidos de 41mm da Kayaba não são ajustáveis, mas funcionaram bem para mim, apesar de a moto mergulhar um pouco sob frenagem forte.
A BMW explicou que os garfos são configurados para uma gama de pilotos de 45 a 90 kg, e eles optaram por manter o custo baixo, adotando um garfo não ajustável e um monoamortecedor na traseira, ajustável na pré-carga. Eles também disseram que a maioria dos pilotos novatos não quer mexer na suspensão. Eu peso 84 kg, estava na extremidade superior do espectro, e me diverti um bocado descendo e subindo as estradinhas curvilíneas. Também ouvi outros jornalistas dizendo como eles ficaram impressionados com o manuseio, suavidade e diversão de andar na G 310 R. O que significa que ela vai bem nas três situações em que você pode estar montado nela: cidade, rodovia e estradinhas secundárias.
Isso então levanta a questão: como os projetistas alemães entenderam isso tão bem? Bom, é isso o que eles fazem - e levou cinco anos, ou seja, é melhor ser bom mesmo! Tudo começa com o quadro de treliça de aço e a forma como o motor é colocado dentro dele. O propulsor está o mais para a frente no chassi possível, graças ao layout do cilindro invertido, que mantém o peso sobre a dianteira. Também o cabeçote é inclinado ligeiramente para a parte traseira, o que ajuda manter a distribuição de peso em um equilíbrio teoricamente perfeito de 50/50.
Muitas das peças fundamentais da G 310 R entraram em jogo por causa da posição do motor. Isto tornou possível usar um braço oscilante de alumínio comprido, o que torna as coisas mais fáceis no amortecedor traseiro de ação direta e, por sua vez, ajuda a plantar a frente quando você está acelerando. O escape curto proporciona uma saída rápida para os gases da queima, o que, por sua vez, diminui as emissões um pouquinho e ajuda esta BMW a cumprir os rigorosos padrões Euro 4 de regulamentação da Europa. Não importa de qual ângulo você olhe, esta moto funciona. E eu não fui o único a dizer isso.
Sem dúvida, a G 310 R emprega um pouco mais de componentes premium do que você poderia esperar. Em primeiro lugar, a carenagem é afiada, a pintura é impressionante e a construção parece ser de alta qualidade. Soldas são agradáveis, os fios são arrumados e o acabamento geral dá a ideia de uma moto mais cara. O painel de LCD se caracteriza por um indicador grande com velocímetro, conta-giros, indicador de combustível, relógio, indicador de marcha, consumo médio e contagem regressiva de quilometragem a partir do acendimento da luz de reserva do combustível.

O ABS é equipamento padrão e, embora não seja uma unidade de última geração, ele funciona bem. As estradas eram frias e molhadas em alguns lugares, e eu estava constantemente arrastando o freio traseiro para ver como ele se se comportaria. O disco dianteiro morde forte, mas só quando forçamos, sem assustar. Os componentes do sistema de freio são agradáveis, também. Malhas de aço começam nos reservatórios de fluido e levam a uma única pinça de quatro pistões de montagem radial mordendo um disco de 300 mm na frente, e uma pinça de um único pistão apertando um disco de 240 mm na traseira. Nunca houve um ponto em que eu questionasse o poder de frenagem da G 310 R, e estávamos andando forte.
Em termos de consumo, observamos 30,6 km/l pelo computador de bordo durante a avaliação (a BMW declara que a moto é capaz de 35,6 km/l). Com um tanque de combustível de 10,9 litros, significa que você tem um intervalo de cerca de 330 km antes de reabastecer, dependendo de como você pilota.

A BMW modela a G 310 R como uma roadster: parte esportiva, parte naked, inteiramente Beemer. Ela é bonita, gostosa e pilotar e, tabelada a US$ 4.995 nos EUA (cerca de R$ 16,7 mil), há o que não gostar? Vejamos: o acabamento da moto é tudo o que você espera de uma BMW, embora haja pessoas que vão reclamar por ela ser construída na Índia. A equipe da BMW conosco em Los Angeles estava muito interessada em salientar que esta é uma planta construída especificamente para a BMW na aquele país, administrada pela TVS Motor Company, capaz de produzir um milhão de motocicletas por ano. Eles também têm uma fábrica no Brasil agora (que começa a produzir a G 310 R no primeiro semestre de 2017), então é um movimento normal a BMW expandir a produção fora de seu país de origem, como já fazem outras marcas.
Tive um longo tempo para olhar a moto tanto parada quanto em movimento. O que vi fora do lugar foram os suportes de apoios de pé enormes e uma traseira peculiar. Por um lado, a lanterna traseira é do tipo brilhante, refletora, mas parece estranho e eu não gosto da forma como ela foi pendurada na parte de trás. Porém, o grande e feio suporte de alumínio pintado é o que eu mais gostaria de mudar. Na versão trail, a G 310 GS (foto abaixo), uma pequena tampa de plástico preto esconde o reservatório do freio traseiro e um suporte de aço tubular segura o apoio de pé do passageiro. Na GS você pode ver que o conjunto parece mais limpo.
Em geral, sentimos que a BMW está presente nesta moto. A empresa teve décadas para ver o que a concorrência estava fazendo na categoria de baixa cilindrada, e mais cinco anos para afinar sua própria oferta de entrada. Então você espera que esse esforço seja recompensado. E a G310 R preenche todos os requisitos: acessível, econômica, com boa aparência e divertida de andar. O que mais você quer de sua primeira moto? Talvez um emblema da BMW no tanque?
E no Brasil?A recém-inaugurada fábrica da BMW Motorrad em Manaus (AM) tem como principal objetivo a produção da compacta G 310 R e, posteriormente, da G 310 GS. A expectativa de lançamento da naked é para o primeiro semestre de 2017, o que está demandando diversas mudanças na empresa. Isso porque a marca precisará se adaptar para receber um novo tipo de consumidor, o que demandará, segundo ouvimos de fontes ligadas à BMW, novos serviços financeiros e valores de pós-venda. Quanto ao preço da motos, segue como principal dúvida: espera-se algo em torno dos R$ 23 mil para a G 310 R, que terá como principais rivais a Kawasaki Z300 e a Yamaha MT-03, e dos R$ 25 mil para a G 310 GS, esta sem rival direta. 

Fonte: Carplace 16/12/2016.
Por Ken Hutchison, do RideApart.Traduzido por Daniel Messeder.Equipamentos do piloto.Capacete: Shoei RF1200 - Modelo: Valkyrie.
Jaqueta: Alpinestars T-Jaws Waterproof.
Luvas: Alpinestars GP Air.
Calça: Alpinestars Crank Denim Jeans.



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