Fonte: Carro online
A vida moderna oferece muitos benefícios, mas também cobra caro. A comodidade de ter um veículo para uso pessoal está intimamente associada com a sensação de liberdade - de poder ir e vir para onde e quando quiser. Mas o trânsito, cada vez mais crítico nas grandes cidades, vem criando situações de desgaste físico e dirigir pode ser uma atividade literalmente dolorosa. Ainda mais nas férias, quando boa parte dos carros dos centros urbanos ganha as estradas em viagens que se prolongam por horas intermináveis, não só devido às distâncias, mas, também, aos engarrafamentos.
Muitos motoristas sofrem problemas físicos com a permanência exagerada ao volante. Quem nunca sentiu tensão nas costas, dores lombares, formigamento nas pernas e articulações endurecidas e dolorosas? Entre todos esses incômodos causados pela permanência dentro do carro, a lombalgia é a campeã.
"A dor na região lombar está relacionada a ligamentos, músculos, tendões, raízes nervosas e discos intervertebrais", diz o fisioterapeuta Carlos Eduardo Wilheim. "O agente desencadeador desses sintomas é o tempo de permanência na mesma posição, mais especificamente dentro do carro, dirigindo".
Tratam-se de sintomas que podem se agravar transformando-se em uma doença. "Quando se estende para o ciático, caracterizase a lombociatalgia, que provoca dormência, fraqueza e dor aguda nos membros inferiores", alerta Wilheim. "São patologias decorrentes da postura inadequada no trânsito e nas viagens de longa duração".
Engana-se, no entanto, quem pensa ser preciso uma longa permanência no trânsito para começar a sentir desconfortos. "Dependendo do banco, basta uma hora na mesma posição para que apareçam dores e cansaço", afirma Wilheim. E explica: o banco, formado pelo encosto e pelo assento, deve preencher os espaços vazios sob as pernas e atrás da coluna, que precisa de apoio da escápula até os ísquios (ossos da bacia).
É comum que, com o uso, o material que compõe o banco ceda ao peso do motorista, não preenchendo mais os espaços vazios. "Por isso, é importante, periodicamente, levar o carro a uma oficina de tapeçaria, para uma revisão das molas que sustentam o assento e da espuma do encosto", aconselha ele. Uma opção é adquirir assentos ortopédicos, com os apoios lombares (almofadas com desenho anatômico) ou os assentos que estabilizam a coluna.
Nas situações críticas de trânsito, tanto na estrada como na cidade, Wilheim aconselha a não esperar a dor intensa chegar. "Quando o trânsito estiver parado, é possível fazer um alongamento mesmo sentado, como, por exemplo, espreguiçarse. Ou até mesmo, dobrando o tronco sobre as pernas", salienta o fisioterapeuta.
Na estrada, é importante fazer paradas a cada duas horas e esticar os músculos. "Ao realizar esses exercícios, a tensão muscular diminui, promovendo uma melhor circulação sanguínea e alívio das dores na região lombar", ensina. "É preciso evitar desconfortos".
Segundo especialistas, uma situação comum que causa contusões ocorre na hora de dar ré. A posição mais praticada é apoiar o braço direito no banco do passageiro, virar parcialmente o corpo e olhar para trás. Muitas vezes esse movimento é feito de maneira brusca, provocando contrações musculares muito dolorosas. A maneira certa é andar de ré olhando pelos retrovisores, sem acionar os músculos do pescoço. Nem todos os motoristas conseguem, mas é uma postura a ser adquirida.
CUIDADOS QUE VOCÊ DEVE TER COM SUA POSTURA
PÉS
Não apoie o pé esquerdo sobre a embreagem. Procure mantê-lo sobre o chão do carro. O pé direito deve acionar o acelerador apoiando o calcanhar no chão. São detalhes que evitam a sobrecarga dos músculos da coxa e sensações de dormência nas proximidades das articulações das pernas.
PERNAS
Não dirija mantendoas esticadas. Os impactos eventuais, e isso inclui até pequenas freadas, podem provocar danos às articulações. Mantenha-as levemente flexionadas ajustando corretamente a posição do banco.
BRAÇOS
O importante é manter os braços, a exemplo das pernas, levemente flexionados, com o objetivo de evitar algumas repercussões em casos de impacto. Os cotovelos devem estar próximos ao tronco.
CABEÇA
Deve estar sempre bem próxima ao encosto. Para que isso aconteça, é importante regular os retrovisores de maneira a não ser necessário inclinar-se para frente ou para os lados. O objetivo é manter o pescoço sempre relaxado, sem sobrecarregar os músculos da região - e, assim, poupar a coluna cervical.
JOELHOS
A posição sobre o banco deve contemplar um espaço entre o joelho e a borda do assento. Do contrário, as articulações inferiores do joelho são pressionadas contra o assento, prejudicando a circulação sanguínea da região - o que também provoca formigamento e dores.
TRONCO
O encosto do banco tem de estar levemente inclinado para oferecer a posição correta do tronco. Não é aconselhável manter as costas retas e nem excessivamente inclinadas. Mantenha sempre os ombros apoiados no encosto.
MÃOS
Devem se posicionar sobre o volante na clássica posição de "10 para as duas" ou "15 para as três", em uma analogia à posição dos ponteiros de um relógio.
FAÇA DO CARRO UMA ACADEMIA
Alguns alongamentos podem ser feitos mesmo dentro do carro, no meio de um congestionamento, oferecendo alívio para as dores típicas de motorista. Acompanhe:
1) Incline o tronco sobre o volante e contraia o abdômen por 15 segundos.
2) Faça movimentos de meio círculo com os ombros em ambas as direções.
3) Incline o pescoço lateralmente, como se fosse tocar a orelha no ombro. Permaneça na posição durante 10 segundos.
4) Estique uma das pernas e incline o tronco para frente. Mantenha a posição por 15 segundos e depois troque de perna.
5) Apoie o dorso das mãos sobre as coxas fazendo leve pressão por 15 segundos.
6) Mova lateralmente dos dois lados e permaneça 15 segundos de cada lado.
EXERCÍCIOS PREVENTIVOS
Lembre-se de que para motoristas que rotineiramente passam muito tempo dentro do carro ou para aqueles que estão planejando viagens longas, os exercícios previnem dores lombares e outros problemas que resultam da permanência prolongada na mesma posição.