Fonte: Carro online
Novo Nissan ganhou formas curvilínias e modernas, mas ainda fica longe da concorrência
Para fazer o novo Sentra parece que a Nissan procurou, mais do que engenheiros ou designers, consultores de imagem. Porque todo o conceito no carro está baseado em se ver melhor, se sentir mais sofisticado, parecer um nível mais alto. Na prática, porém, falta algo para que este japonês entre com chances de vitória no ringue em que lutam Honda Civic, Toyota Corolla e Hyundai Elantra.
Ele virá do México para o Brasil só no ano que vem, porque a cota de exportação da Nissan para cá já se esgotou graças ao sucesso de vendas de carros como March e Versa. A Nissan daqui, contudo, preferiu confirmar a chegada do Altima durante o Salão de São Paulo e não deu detalhes do futuro do Sentra. Ele deve custar entre R$ 65.000 e R$ 80.000.
A nova frente tem grade cromada, faróis com LEDs e um capô com vincos bem marcados. De lado, o Sentra tem um perfil sinuoso, com ondulações que lembram carros mais caros, inclusive da Infiniti, a divisão de luxo da Nissan. Como nenhum deles é vendido no Brasil, a referência fica um pouco vazia para você, mas o resultado é o procurado: ficou mais moderno e elegante, ainda que conservador, com cara de "tiozão". A traseira está no mesmo tom, com amplas lanternas que invadem as laterais da carroceria e uma moldura cromada colocada acima da área da placa. Os retrovisores ganharam luzes de indicação de seta.
Por dentro, mantém-se a ideia de transmitir estilo, luxo e conforto. A direção tem botões para controlar o sistema de som e o telefone. O quadro de instrumentos possui números brancos sobre fundo cinza-escuro. Os relógios de medição da temperatura e do combustível são analógicos, mas debaixo deles há uma tela digital com o marcador de quilometragem e computador de bordo. A alavanca do câmbio baixou do painel para o console e alguns vão agradecer essa mudança. Afinal, era um pouco estranha essa posição anterior em um carro que não tem pretensões esportivas.
O plástico que envolve a base da alavanca vai até a parte central do painel e abriga os controles de som e ar-condicionado. Nas versões mais caras, esse plástico imita madeira e, em ambas, peca por deixar uma impressão de material barato, brilhante demais.
O Bluetooth já é equipamento de série no Sentra, que pode ter também um sistema de leitura de mensagens de texto que entram pelo celular. O GPS é um bom equipamento e usa uma tela de 5,8". Vem de série na versão mais cara, chamada Exclusive. O teto solar e a câmera de ré são outras razões que o comprador que procura algo de luxo pode encontrar.
O espaço melhorou muito. Na frente, o motorista terá uma boa posição para dirigir e seu copiloto também estará confortável. Atrás o Sentra melhorou consideravelmente, deixando de passar vergonha quando comparado com o Versa. Pernas e cabeça viajam comodamente. Caso só estejam sentadas duas pessoas, elas poderão contar até com descansa-braços, mas o piso não é plano e o túnel da transmissão tira o espaço de um terceiro passageiro. O porta-malas ganhou 61 litros: foi para 503 litros.
O que diminuiu foi o tamanho do motor. Sai o 2.0 de 143 cv, com etanol, e entra o 1.8 16V do Tiida, que gerava 125 cv com gasolina, girando a 5.200 rpm, e agora dispõe de 132 cv a 6.000 rpm. O torque também caiu de 20,3 para 17,7 mkgf, obtido a uma rotação menor. Mas o desempenho não piorou. Isso porque o novo carro é 70 kg mais leve em algumas versões.
Ao volante você sente o novo Sentra ser mais firme que seu antecessor. Uma das novidades técnicas é a caixa de câmbio automática, que continua do tipo CVT, agora de uma nova geração, mais leve e com um trabalho extra para evitar o superaquecimento, que era um dos seus problemas. Todo o conjunto mostra que a Nissan procurou melhorar o rendimento de combustível do Sentra, apesar de tirar um pouco a emoção de dirigir. A suspensão traseira segue usando barra de torção no lugar de uma configuração Multilink, como tem, por exemplo, o Honda Civic.
Para colocar o equipamento de luxo possível e diminuir o peso, a Nissan fez algumas economias em outros lugares. Uma delas foi nos freios, que terão ABS, mas são de tambor nas rodas traseiras. Controle de estabilidade ESP? Nem pensar. Airbags? Só dois, em todas as versões.
Com boas vendas no México, o Sentra não teve tanto sucesso em outros mercados, como o nosso. Por isso, a estratégia da Nissan para o novo foi dar elegância visual, luxo, espaço e economia Vale a pena? Só se sua vontade de ter um carro luxuoso é maior do que andar em um que não será tão bom quanto seus concorrentes diretos.
AO VOLANTE
DESEMPENHO
O conjunto de motor e câmbio CVT elimina a possibilidade de o motorista dirigir com mais alegria. O Sentra tem muito trabalho para subir as rotações até 3.500 rpm. Quando chega, o faz com muito barulho.
SUSPENSÃO
Na cidade, o Sentra é um carro agradável. A suspensão é confortável, isola bem os buracos e outras imperfeiçoes. Mas na hora de enfrentar movimentos bruscos, a suavidade cobra caro. Ele realmente não nasceu para acelerar...
NISSAN SENTRA 2013
BOM
+ O espaço interno melhorou de maneira considerável, principalmente atrás.
+ O carro será bem mais econômico, pois ficou mais leve e tem motor menor.
+ A novo caixa CVT ajuda na suavidade geral do sedã.
+ O design e o equipamento estão no nível dos melhores.
RUIM
- Para conseguir baixar o peso, tiraram equipamentos de segurança.
- Freios traseiros são a tambor.
- Alguns plásticos do interior são nitidamente baratos demais para ele.
- Passa longe de qualquer pretensão esportiva que o motorista possa ter.
SEU BOLSO
Preço (estimado): R$ 80 000
Taxa de financiamento: 1%
Parcela mensal: R$ 1 362 (50% entrada + 36 vezes)
Emplacamento: R$ 1.000 (Primeira documentação, sem IPVA)
Seguro (estimado): R$ 3.150
IPVA (4% - estimado): R$ 3.200
Garantia: 3 anos
1ª revisão (estimada): R$ 250
2ª revisão (estimada): R$ 440
3ª revisão (estimada): R$ 250
Gastos iniciais: R$ 48.712 (Docto. + entrada + 1ª parcela + seguro)
Desval. (estimada 1º ano): 14%
Desval. (estimada 2º ano): 6%
DEPOIS DE FAZER DO VERSA um carro que oferece a maior quantidade de equipamentos de segurança por um preço relativamente justo, a Nissan mudou a receita para a nova geração do Sentra. Vá lá que ele vem com equipamentos de luxo que, ao menos no México, nenhum dos rivais com preço similar oferece, como GPS e câmera de ré. Mas se para o Versa e seus concorrentes ter ABS, Bluetooth e airbag duplo os coloca no topo, manter só esses equipamentos para o Sentra é uma aposta na ignorância do consumidor. Contudo ainda não se sabe qual será o "pacote Brasil" que equipará os modelos importados para cá. A Nissan acha que muitos vão preferir o luxo à segurança. Tanto que sua meta de vendas para o México é de 25.000 carros por ano, o que representa um aumento de 25% se comparado a 2011. Resta saber se as pessoas realmente gostarão de um carro que é excelente na hora de mostrar ao vizinho, mas não tanto para dirigir, frear ou entrar nas curvas. O Sentra é, sem dúvida, muito mais interessante estacionado do que em movimento.
Infocarro nas redes sociais
