Fonte: Carronline
Para enfrentar a concorrência, Chevrolet mexe na sua picape compacta
Um dos segmentos mais peculiares do mundo, as picapes compactas derivadas de modelos hatchbacks usufruem de relativo sucesso no Brasil. Raramente encontradas em outros países - e impensadas para os EUA, por exemplo, onde uma Ford Ranger é considerada pequena para os padrões norte-americanos - as fabricantes aqui instaladas consideram essa fatia muito importante, e trabalham com afinco para conciliar as necessidades de quem as utilizará somente para o lazer e os clientes que precisam de um carro realmente robusto para fins comerciais.
Este ano promete ser especialmente agitado para o mundo das "picapinhas". Após o lançamento de um modelo inovador, a Fiat Strada Cabine Dupla, a Volkswagen contra-atacou com a nova geração da Saveiro e lançou também sua configuração aventureira Cross nos moldes da Strada Adventure, um case de sucesso na área. Ainda em 2010 teremos uma estreante no segmento: a Peugeot Hoggar, derivada do 207 e com chegada às lojas prevista para maio. Com tudo isso em mente, o departamento de marketing da Chevrolet resolveu se mexer e apresentou, ainda no fim de 2009, as configurações Sport e Arena da Montana também com a opção do motor 1.4 Econo.Flex, que entrega 105 cv a 6.000 rpm e 13,4 kgfm a 2.800 rpm quando alimentado com álcool.
Com isso, a linha Montana passa a ser estruturada da seguinte forma: Conquest 1.4 (R$ 30.234), Arena 1.4 (R$ 36.420), Sport 1.4 (R$ 40.244), Sport 1.8 (R$ 48.187) e a variante com caçamba fechada Combo por R$ 34.083. Segundo Gustavo Colossi, diretor de marketing da empresa, "nós percebemos que havia oportunidades de se ampliar a linha Montana, que antes possuía uma versão de entrada, a Conquest 1.4, e a top de linha Sport 1.8".
Com as alterações promovidas no portfolio, Colossi também destaca que o objetivo da marca era acrescentar 1.000 unidades/mês nos números de venda da Montana, fazendo com que ela conquistasse um volume mensal de 2.600 unidades/mês. A receita provou ser acertada, já que os meses de janeiro e fevereiro deste ano contabilizaram, respectivamente, 2.887 e 3.080 novas Montana colocadas nas ruas brasileiras. Como comparação, a líder Fiat Strada segue confortavelmente com suas 7.563 unidades vendidas em fevereiro.
Para conferir se a reestruturação na linha Montana veio bem a calhar, levamos a picape para a pista de testes na configuração Sport 1.4, a qual deverá representar 400 unidades/mês no mix de vendas, segundo a Chevrolet. Por R$ 7.943 a menos, a Sport 1.4 só fica devendo mesmo o motor mais forte, já que conta com a mesma lista de itens de série da 1.8, composta por ar-condicionado, direção hidráulica, rodas de liga leve aro 15", capota marítima, faróis com máscara negra, alarme, travas e vidros elétricos, para-choques na cor do carro, faróis de neblina e mostrador digital com funções hora, calendário e temperatura externa.
Para rodar pela cidade sem nada na caçamba - situação que deverá ser a mais comum nessa versão - a Montana Sport 1.4 não decepciona. Obviamente que é necessário trabalhar mais as marchas para que ela tenha fôlego semelhante ao da Sport 1.8, a qual conta com 4,3 kgfm de torque a mais, porém nas grandes cidades o bloco Econo.Flex dá conta do recado tranquilamente tornando a opção 1.4 uma escolha bem mais racional.
Na pista, a Sport 1.4 precisou de 12s6 para acelerar de 0 a 100 km/h e 15s1 e 24s2, respectivamente, para retomar de 40 a 100 km/h e 60 a 120 km/h. Carregada com 645 kg (o limite é de 722 kg), os 100 km/h passam a ser atingidos 16s8, enquanto o tempo para retomar de 60 a 120 km/h sobe para 24s2. Com esses números em mente, uma coisa é certa: se você procura o a picape para levar cargas pesadas opte pela 1.8, mas se o que você necessita é apenas volume para levar mercadorias mais leves a 1.4 dará conta do recado. Outra vantagem da Sport 1.4 foi o consumo, com média de 8,2 em percurso urbano e 12,3 km/l no ciclo rodoviário.
Mecanicamente nenhuma alteração foi realizada na Montana. A transmissão continua a F15-5 WR com 5 marchas e a suspensão manteve a configuração McPherson na dianteira e semi-independente com barra de torção na traseira. Confortável para rodar descarregado, o conjunto não deixa a Montana tão rígida como a Strada, a qual utiliza feixe de molas na traseira, e oferece boa dirigibilidade, desde que levando em conta a ausência de peso na traseira, o que não dá margem para algumas "estripulias" por parte do motorista. A distribuição de peso, 61% na dianteira e 39% na traseira, pede cuidado.
Já a parte interna manteve o padrão exclusivo com detalhes vermelhos nos bancos e laterais de portas, um diferencial dessa configuração top. Com o lançamento da picape derivada do Agile programado para este ano, o futuro da Montana é incerto, já que dificilmente sua produção será mantida em paralelo com o novo produto. Mas se você é fã da picape da Chevrolet e gostava do visual Sport, mas o achava caro demais com o motor 1.8, a Sport 1.4 é uma boa pedida.