Nova Toyota Hilux SR Challenge oferece mais do que o visual robusto.
A nova versão da Hilux tem vários atrativos, mas ainda não entrega o mesmo conteúdo de outras concorrentes.
Meu sogro é uma pessoa de sonhos bem definidos e, entre eles, há um objetivo claríssimo: ter uma Toyota Hilux na garagem. Mas seria apenas amor platônico? Com a nova versão SR Challenge, com o preço de R$ 161.990, à minha disposição para os testes de Autoesporte, resolvi pedir algumas opiniões do seu Fernando - que, além de uma Ford F-1000, já teve desde Hilux SW4 a RAV4. Afinal, a novidade quer conquistar pelo custo-benefício. Será que consegue?
Antes mesmo de estacionar, o visual já tinha recebido a primeira aprovação. "Essa daí é bonitona, hein? Gostei desse jeitão mais robusto!", confessou o pai da minha namorada. O visual segue à risca o estilo lameiro - e até parece recheado com acessórios de pós-venda -, com direito a protetores de plástico fosco no para-choque dianteiro e nas caixas de roda, adesivos (bem) chamativos nas portas e na caçamba, santantônio exclusivo, estribos laterais, rodas de liga leve aro 17 na cor preta, além de faróis e lanternas com máscara negra.
Por incrível que pareça, essa é a opção mais barata com motor a diesel e câmbio automático de seis marchas na linha. São quase R$ 10 mil de diferença em relação à SRV, que acrescenta à lista de itens controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampa e saída de ventilação para a segunda fileira. Se não quiser tanto requinte e estiver disposto a abrir mão da segurança extra, a versão Challenge já oferece ar-condicionado digital, central multimídia de sete polegadas e airbag de joelho para motorista.
Vale lembrar que a novata também recebeu novos detalhes na cabine, onde a Toyota instalou frisos vermelhos, que seguem o mesmo tom das costuras dos bancos revestidos de tecido. Pessoalmente, a combinação agrada e até rendeu elogios do meu sogro. Para ele, o interior da picape tem desenho moderno e, nisso, ambos concordamos. Só não dá para justificar o excesso de plásticos rígidos no acabamento e a falta de peças suaves ao toque (ainda mais considerando o alto preço).
Perdemos algum tempo fuçando no ótimo porta-luvas refrigerado e tentando entender a complicada "telinha" com comandos sensíveis ao toque, até convidarmos toda a família para um passeio - ou seja, namorada, cunhada, sogra e, é claro, meu parceiro de avaliação. Na segunda fileira, há cinto de segurança de três pontos e encostos de cabeça para todos, além de sistema isofix de fixação para cadeirinha infantil. Por sua vez, o baixo túnel central facilita a vida de quem viaja no meio.
Há diversos portas-objetos e até porta-luvas refrigerado, mas o acabamento da cabine é simples e a ¨telinha¨, difícil de operar.
Comparada a algumas das concorrentes, a Hilux não chega a ser tão confortável quanto a Volkswagen Amarok e a Chevrolet S10, por exemplo - sendo que a direção da GM tem assistência elétrica, ante o sistema hidráulico das demais. E, ainda que seja pesada e um pouco indireta para as manobras do dia a dia, a direção da Toyota transmite segurança na estrada. Já a suspensão não é tão eficiente para evitar rolagens laterais da carroceria, porém, foi capaz de absorver boa parte dos buracos das ruas de Campinas (SP).
"Se é boa assim no asfalto, quero só ver na hora de colocar na terra!", disse o meu sogro, que está acostumado à bruta F-1000 que dirige quase todos os dias. Só que, diferentemente da veterana Ford, a novidade da Toyota tem tração 4x4 com acionamento eletrônico por botão no painel, opção de marcha reduzida e até bloqueio do diferencial traseiro. Ainda que potência e torque não sejam os maiores do segmento (são 177 cv e 45,9 kgfm, respectivamente), a picape dá conta do recado e pode transportar até 1.000 kg de carga.
Vale e compra?
Depois de alguns dias, pergunto o veredito ao seu Fernando. "Você vai ver só! Eu vou comprar uma picape igualzinha a essa daí", avisa. Para mim, a conclusão é outra: a Hilux Challenge realmente oferece uma boa relação custo-benefício dentro da gama. Entretanto, no segmento, há opções mais equipadas e na mesma faixa de preços, como é o caso da Ford Ranger Sportrac, oferecida a R$ 162.990, e da Volkswagen Amarok, que custaR$ 169.990 na topo de linha Highline.
TESTES
Aceleração0 - 100 km/h: 12,6 s0 - 400 m: 18,4 s0 - 1.000 m: 33,9 sVel. a 1.000 m: 151,4 km/hVel. real a 100 km/h: 93 km/h
Retomada40-80 km/h (Drive): 5,5 s60-100 km/h (D): 7,2 s80-120 km/h (D): 9,1 s
Frenagem100 - 0 km/h: 45,4 m80 - 0 km/h: 28,3 m60 - 0 km/h: 16,2 m
FICHA TÉCNICA
Motor: Dianteiro, longitudinal, 4.cil em linha, 2.8, 16V, comando duplo, turbo, injeção direta de diesel.Potência: 177 cv a 3.400 rpm.Torque: 45,9 kgfm a 1.600 rpm.Câmbio: Automático de 6 marchas, tração integral temporária.Direção: Hidráulica.Suspensão: Indep. duplos braços triangulares (diant.) e eixo rígido (tras.).Freios: Discos ventilados (diant.) e tambores (tras.).Pneus: 265/65 R17.Dimensões: Compr.: 5,35 m; Largura: 1,85 m: Altura: 1,81 m;Entre-eixos: 3,08 m.Tanque: 80 litros.Capacidade de carga: 1.000 kg (fabricante).Peso: 2.130 kg.Central multimídia: 7 pol., é sensível ao toque.Garantia: 3 anos.
Fonte: Autoesporte, por Gabriel Aguiar. 14/02/2018 11h11 - atualizado às 14h10 em 14/02/2018.